Tecnologia do Blogger.

O arrependimento com Nilton Santos, o Fla e o senso do Bom Senso


Por Ricardo Vieira

Na saída, vivemos a parte mais legal. Estava no início da relação com o jornalismo e o contato com jogadores só havia acontecido esporadicamente ou pela televisão. Conversamos com um promissor volante chamado Andrade, escolhido o segundo melhor da posição naquela noite. Batemos papo com o zagueiro Índio que confidenciou uma iminente transferência para o Fluminense, que acabou não se concretizando. Meu amigo aproveitava para tirar fotos com alguns deles. O erro foi não me despir de um sentimento comum entre os jornalistas, de achar que está acima desses momentos, porque tirar foto é coisa para fã. Em alguma hora, até acho que driblei isso por um lateral esquerdo talentoso, o Kleber. Talentoso, mas bem menos do que o homem que roubou a cena e foi aplaudido de pé por todos na noite que a CBF chamava de Prêmio Craque Brasileirão, em 2006: Nilton Santos.

Nilton, que recebeu uma menção honrosa na premiação por algum motivo não além dele ser Nilton Santos, apareceu no saguão do Teatro Municipal do Rio acompanhado por uma senhora, provavelmente a esposa. Muito educada, ela pedia a todos que se aproximavam que fossem breves porque Nilton, já debilitado, não poderia demorar ali. Mas com um bonito sorriso no rosto ele atendeu pacientemente a todos que pediam fotos. Eu não fui um deles e poucos minutos mais tarde já sabia que tinha feito uma burrada das grandes. Burrada que hoje é maior porque queria postar essa foto no Facebook, no WhatsApp, no Twitter, no jornal... Mesmo que isso seja coisa para fã.

Entre tantas homenagens bonitas que vai receber, fica aqui a minha pequenina, a certeza que foi uma grande burrada não guardar esse momento raro.

------------------------------

Fla do Hernane

Que time curioso esse, campeão da Copa do Brasil. Parece ruim, mas mostra em campo que não é, à feição de seu artilheiro. O gol mais importante, contra o Cruzeiro no primeiro jogo, foi marcado pelo jogador mais criticado, Carlos Eduardo. Outro gol que facilitou tudo foi do único chute certo (e bota certo nisso) do volante brucutu.

O fato do Elias ter sido o craque não chega a ser curioso, mas não me deixa esquecer de dizer que, há tempos, eu avisei.

Elias, aliás, é um dos motivos do terceiro assunto de hoje.

------------------------------

Bom senso com os estaduais

Paulinho virou o xodó e um dos grandes nomes do Fla. Hernane, talvez o mais importante. Se não for, só perde para Elias. O que os três têm em comum, além do bom momento e de serem campeões? Vieram de times menores. XV de Piracicaba, Mogi Mirim e Ponte Preta.

Elias, após brilhar pela Ponte como meia no Paulistão de 2008, foi parar no Corinthians e depois na seleção. Também no caminho pequeno-para-o-Corinthians, o goleiro Felipe foi o paredão do Bragantino de 2007 antes de acabar sendo rebaixado com o gigante no mesmo ano. Ainda no campeão da Copa do Brasil, o importante Amaral veio para o Fla após bom desempenho no Nova Iguaçu.

O assunto é extenso e os exemplos também. Os jogadores têm todo o direito de buscar um calendário ideal, mas todos (dirigentes e até torcedores) precisam valorizar os estaduais, até pelo bem do nosso futebol. Não sei qual seria a melhor maneira, mas posso engrossar a lista de jogadores importantes, citando três times de recente sucesso.

O campeão Cruzeiro tem uma coleção de jogadores com a origem semelhante. De bate pronto, vale lembrar de Dedé que surgiu após bom Carioca pelo Voltaço. Num olhar mais atento, é possível encontrar os inícios de Fábio, Ricardo Goulart e Willian em União Bandeirante, Santo André e Guarani. Mas não só garotos que aparecem nos estaduais. Ceará quando foi bem pelo São Caetano já tinha mais de 24 anos e Borges, quando foi artilheiro pelo União São João de Araras, tinha 25.

Vamos para o rival, campeão da Libertadores com a imprescindível contribuição da dupla Victor e Réver, oriundos do Paulista de Jundiaí. Pierre só foi parar no Palmeiras depois de ir bem no Ituano. Agora eles vão atrás do título que o Corinthians conseguiu sob a batuta do titular incontestável da seleção de hoje, Paulinho. Um jogador que, se não tivesse tido espaço para aparecer no Paulistão de 2010, dificilmente estaria na Copa do ano que vem. O campeão mundial ainda tem uma série de exemplos, mas, para não ir muito longe, vale lembrar do companheiro de Paulinho, Ralf, que somente com 25 anos conseguiu ir bem no Barueri a ponto de conseguir uma vaga no Corinthians.

Para fechar, caso mais direto, impossível. Assim como o gol de Carlos Eduardo foi decisivo contra o Cruzeiro, o gol de Romarinho (até mais) foi crucial para o Corinthians se livrar da maior cruz que carregava. Pois é, um mês depois de ser contratado do Bragantino, o garoto vira determinante na história. Sem o estadual, ou até com ele mais fraco, isso seria bem complicado.

A grande maioria dos times não vai acabar com uma redução de estaduais e vão poder continuar formando e promovendo grandes jogadores, mas, a matemática é simples: quanto menos espaço, menos chances de repetição de casos como esses.

----------------------------

Duas tragédias

Que infelicidade. As mortes na Arena Corinthians mancham o estádio, mancham a Copa e conseguem manchar a todos nós. Pois é, estamos no mesmo saco. Não foi um só, nem dois. Acho que mais de mil fizeram graça, juro. Nem vou postar o link aqui para não propagar, só completo com a frase de Tiago Leifert lá no Twitter: "E para provar que a humanidade não tinha mais jeito, Deus criou o campo 'comentários' abaixo das matérias."

0 comentários:

Postar um comentário