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O Popeye negro

Segunda-feira acinzentada. Cara de chuva em Volta Redonda. Um início de semana nada animador para os de lá. Mas, com certeza, para um dos filhos daquela terra, o desenrolar desta semana foi a confirmação de mais uma volta por cima.

Dedé dá impressão de que gosta subir só depois de descer. Parece até um episódio de Popeye, em que ele apanha, espera o Brutus tomar conta da situação, quase conquistar a Olivia para, enfim, comer o raio do espinafre. E sempre vem o pensamento: "Por que diabos ele não come espinafre no café da manhã??".

Quando errou diante do Flamengo, Dedé deve ter sentido a mão pesada do Brutus. A gente pensa que pela fama, grana e conquistas esse pessoal não sofre. Não posso responder por ele, mas naquele momento, sozinho no canto, com o peso dos noticiários e dos comentaristas nas costas, Dedé deve ter sofrido.

Os tempos de ídolo no Vasco tinham passado. Assim como a seleção também. O momento não sinalizava nenhuma volta aparente. Nem Volta Redonda - com todos os colos e ombros que ele se acostumou a receber - estava perto. Longe de tudo o que mais gosta, inclusive do melhor futebol, Dedé era o Popeye momentos antes do espinafre.



Mas o futebol é a Terra das reviravoltas. E a semana que começou cinza em Volta Redonda, terminou hoje com sol.

Na ordem invertida:

Na quinta, o Vasco, querido pelo zagueiro - onde ele poderia estar até hoje -, vive mais um drama. Perdeu de novo, em casa, e vê o rebaixamento com certa nitidez. Tudo bem, com Dedé, a situação poderia estar mais folgada. Mas, como saber? A verdade é que dificilmente ele estaria vivendo o momento de felicidade.

Na quarta foi a vez de outro mau momento de um alvinegro. Por muito pouco, Dedé não foi parar no Corinthians. O Corinthians que não ganha há um bom tempo. Por mais que a defesa não seja o alvo - é a melhor do campeonato -, nada está tranquilo pro lado de lá. A fúria da Fiel, há longo tempo adormecida, pode voltar com tudo. E, se estivesse nessa, dificilmente Dedé seria poupado.

Na terça teve o Brasil. Antes do Brasil, o Cruzeiro. Se foi para a seleção, a campanha absoluta do Cruzeiro tem enorme parcela de contribuição. Mesmo que não parecesse na época, Dedé foi para o lugar certo. Dedé é o zagueiro certo no time certo. Só assim para conseguir pular à frente dos concorrentes da quarta vaga.

E foi com um pulo, um pulo dos grandes, que Dedé viu a Copa ficar mais perto. O gol feito no Ninho do Pássaro, na Pequim tão distante de Volta Redonda, foi feito com espinafre.

Esse espinafre é alguma força que o jogador consegue para se superar toda vez em que o leite azeda - seja na Udinese, no Voltaço, no Vasco ou até no Cruzeiro. (dá pra entender melhor aqui)

E aí volta a pergunta: por que diabos o Popeye não come espinafre no café da manhã? Claro, porque sem a dificuldade não teria a história.

E Dedé ainda tem muita história pela frente.

Que não falte espinafre!

Ricardo Vieira

O Popeye negro por aqui veste a amarela

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