Bigode grosso: Tiago Amaral vive ano de afirmação e gratidão
"Feliz, é sempre bom fazer gols, mas o mais importante foi o resultado". A frase comum aos artilheiros indica o quão boa é a fase pelas vezes que é repetida. E Tiago Amaral já repetiu muitas vezes nos últimos meses. Disse todas as vezes em que marcou gols na Copa Rio. E não foram poucos: nove, em onze que ele esteve em campo até aqui. Independentemente da derrota na última rodada, a fase é boa. Tão boa que ele só pensa em agradecer: "Eu estou muito feliz, em uma fase muito boa da vida. Tenho filha linda, uma família maravilhosa. Estou momento maravilhoso, só tenho a agradecer a Deus por tudo que Ele tem me dado".
O ano de 2013 é realmente digno de agradecimento do atacante. Depois de mais uma boa temporada no Barra Mansa, em que marcou nove vezes e foi novamente o artilheiro do time, ele foi alçado para ter mais uma chance no Volta Redonda. Após um início de muito trabalho e poucos gols na preparação para a Copa Rio, Tiago deslanchou durante o torneio. Marcou duas vezes na primeira rodada, abraçou a artilharia e não largou mais. O passaporte está bem encaminhado para a disputa do Carioca no ano que vem, a chance de dar passos mais firmes na carreira e atender expectativas que muitas vezes nem foram dele.
- São pessoas que muitas vezes acreditam mais em mim do que eu mesmo. Estão em casa sempre torcendo por mim. Hoje em dia eu entro em campo pela minha filha e pelo meu irmão, e eles sabem disso. Quando o jogo acaba, eu agradeço por tudo o que eles fazem por mim, por passar essa energia positiva que vem dando resultado - comemora.
A filha, de cinco anos e sorriso lindo, é a alegria de Tiago. Um motivo a mais para correr em campo. Aliás, é bom correr para compensar a distância. "Eu não acompanhei nem um ano inteiro de crescimento dela por estar sempre viajando, mas todo final de semana ela fica comigo e falo com ela todos os dias". Já o irmão, Diogo, é o porto seguro. É mais novo, mas muitas vezes o papel é invertido. Diogo não só vira mais velho, como vira pai. "Ele é meu pai, eu sou o pai dele. Acho até que ele é mais meu pai do que eu sou dele. Me cobra muito", ri.
O grande carinho pelo irmão e as cobranças dele passam pelas idas e vindas da vida. Mesmo com tantas mudanças, a perda da mãe, a distância do pai, os dois sempre estiveram juntos. "Em nenhum momento da vida a gente se separou. E eu até o agradeço pelas cobranças. Se não fosse ele, sem dúvida eu não estaria jogando mais bola. Como eu falei, em alguns momentos ele confia muito mais em mim do que eu mesmo", afirma.
A confiança da família foi imprescindível. A carreira de Tiago, assim como na carreira da maior parte dos jogadores de futebol do país, tem frustrações bem comuns, mas difíceis de engolir: campos péssimos, condições de trabalho precárias, calote de clubes, falta de oportunidades em campo por razões extracampo. A soma disso tudo é igual à vontade de desistir. Para a felicidade de Tiago, Diogo não entrou nessa.
- É difícil pra caramba, chegar aqui é difícil. Muitas pessoas ficam pelo caminho e ele (Diogo) ficou em cima, sempre acreditou no meu potencial. Às vezes eu até penso que ele faz isso por ser meu irmão, mas ele é muito sincero. Quando estou mal, ele fala, diz que eu tenho de trabalhar mais. Fala quando estou bem, mas que é preciso manter o foco, não deixar cair, porque futebol é momento - relata Tiago, concordando com o irmão que também tentou a sorte nos campos, inclusive na lateral esquerda do Cabofriense, mas que preferiu trocar a chuteira pelos estudos.
Ano puxado
O ano é tão bom quanto cansativo para Tiago Amaral. Depois de ficar de fora de somente três jogos da campanha do Barra Mansa na segunda divisão do Campeonato Carioca, o atacante chegou ao Volta Redonda e durante um bom tempo foi o único jogador que fazia a função de referência na frente - até a chegada de Leandrão. Ganhou a vaga quando estava mais ameaçado de sair. Passou por toda a campanha e esteve presente - marcando gols - na complicada sequencia de dois jogos em menos de 48 horas - contra Bangu e América, nos dias 30 de outubro e 1˚ de novembro. Justamente na reta final, a parte mais importante do ano, quando pode garantir um título e de quebra conseguir a dobradinha como artilheiro, Tiago luta para não ser vencido pelo corpo.
- É difícil, cara. A segunda divisão tem campos ruins pra caramba. E a gente já vem na pegada e quase sem descanso, chega uma hora em que não aguenta. Mas a gente tem uma estrutura muito boa, o clube dá descanso bom, alimentação boa, e isso faz diferença. Para a gente pesa a perna, mas para os caras (os adversários) deve pesar ainda mais - acredita.
Se tudo der certo para o Volta Redonda, faltam somente outros seis jogos para o título. Mais seis chances para Tiago ampliar a vantagem na artilharia e confirmar o bom ano. Além disso, vai poder continuar comemorando dizendo que é o "Bigode Grosso". "Ah, isso é coisa do Sassá. Ele tem umas dancinhas e a gente fica brincando. Ele diz que é o Bonde do Pistão, então eu digo que sou o Bigode Grosso", diverte-se.
0 comentários:
Postar um comentário