Tecnologia do Blogger.

Luto por Feijão, pelo MMA e pelo esporte


Hoje é um dia de reflexão. Não só para o MMA, mas para todo o esporte. Até onde devemos chegar para vencer? O que separa sacrifício e exagero? O sentimento da vitória é maior do que o sofrimento para chegar até ela? 

Ontem (quinta), antes da pesagem do evento realizado no Brasil pelo famoso ex-lutador e treinador André Pederneiras, o Shooto 43, faleceu o lutador Leandro Caetano “Feijão”, que iria lutar hoje. O motivo do falecimento ainda não foi divulgado, mas pelo que tudo indica está relacionado ao corte de peso para a luta. 

Para quem desconhece o sistema de corte de peso, faço uma breve explicação: na maioria dos eventos de MMA, o lutador deve se pesar para se enquadrar em uma categoria, porém, essa pesagem é feita um dia antes do evento. Lutadores e treinadores, sabendo disso, desenvolveram métodos para os atletas ficarem fortes e pesados em até 15 kg a mais que a categoria permite e passarem por um processo de desidratação no dia da pesagem - isso faz com que eles atinjam o peso permitido. Após a pesagem, todo esse peso perdido é recuperado e o atleta chega na hora da luta bem mais pesado, o que lhe garante muita vantagem. 

99% dos lutadores dizem que o maior adversário é a balança, já que esse processo é extremamente sacrificante. Cinco semanas antes da pesagem, os atletas fazem uma dieta absolutamente restritiva e usam vários truques para cortar o peso. Os quilos a mais antes de subir na balança são perdidos na sauna. Normalmente eles vão até lá com uma roupa de plástico e pedalam uma bicicleta ergométrica. Em outros casos, eles seguem para dentro de uma banheira com água quente e álcool. Total desidratação! 

Depois que o lutador desce da balança já começa todo um processo para recuperar o peso. Nesse meio, tornou-se normal assistir atletas com câimbras violentas no processo de corte de peso, atletas com problemas renais, desmaios, e por aí vai. 

A ciência avança a passos largos e cada vez mais atletas rompem antigos limites. Novos treinos, dietas, doping (até genéticos)... Todo um sistema gira para que isso aconteça. Quanto ganha Yelena Isinbayeva, ou Usain Bolt e tantos outros a cada quebra de recorde? Quanto dinheiro está por trás de uma luta, em apostas, patrocinadores, organizações? Qual lutador não quer ganhar o prêmio de nocaute da noite e embolsar uma grana preta? Todos! Só que para isso eles precisam cada vez mais se superar, cada vez mais empurrar o limite para frente, cada vez mais desafiar a vida, precisam cada vez mais ser mais tudo e não parecem se importar com o preço. 

Ficamos triste pelo esporte, que certamente não tem disso em sua essência; ficamos triste pela família e amigos de Feijão. 
  
Vencer é bom, mas vale tudo para isso? Vale a vida?  

Sempre que um atleta chora no pódio, eu me pergunto se aquelas lágrimas são de felicidade pela vitória ou por alívio do sofrimento ter acabado pelo menos por um instante. Acho que nem eles saberiam responder, já misturam os sentimentos. Quem sabe lá na frente eles não façam a distinção e percebam que deixaram de ser felizes muitas vezes para tentar achar a felicidade.  

Gabriel Pereira

2 comentários:

  1. Nossa...nunca imaginei uma coisa assim. Estamos "acostumados" a escutar de modelos q fazem qqer coisa pela carreira....mas isso. .é muito triste.

    ResponderExcluir
  2. Vc escreve c/mta propriedade , não entendo deste "esporte" mas captei perfeitamente sua mensagem ... serve p/todos atletas ou simplesmente pessoas lutando sempre na vida cotidiana ... um abração !!! Parabéns !!!

    ResponderExcluir